Artigo

OPINIÃO: Precisamos exercitar a tolerância

Martha Souza

Não gostou? Pode discutir. Mas use o respeito. É bom e gostamos. Atualmente, principalmente nas questões políticas, percebemos que os ânimos estão alterados. A facilidade com que se coloca ódio nas posições contrárias é impressionante. Há uma intransigência evidente na diferença, seja ela qual for. Ao discordar, esquecemos rapidamente a palavra ¿tolerância¿. Inter x Grêmio. Funk x MPB x Sertanejo. Branco x Preto. Esquerda x Direita. Disparidades nos times de futebol, preferências na política ou gosto musical. Tudo vira motivo para nos exaltarmos. Ou é 8 ou é 80. Ou amo ou odeio. 

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E se odeio, me acho no direito de xingar. Caso esteja de outro lado da pessoa que ouve, prepare o coração: podem vir insultos nada agradáveis. Algumas vezes, assustadores. A civilidade, definitivamente, vai para o espaço.Se defendo os índios, sou comunista. Se luto pela igualdade das mulheres, sou petista. Se considero que toda diversidade sexual deve ser respeitada, sou homossexual. Pois podemos não estar em nenhuma dessas classificações e continuar intercedendo pelo ser humano.Saiba que existem gremistas muito bacanas (sou colorada, é claro), pessoas de esquerda incríveis e de direita com muita vontade de acertar.

Não podemos criticar? Certamente. Muito. Com uma boa dose de gentileza, seria bem melhor. Mas nunca esquecendo, somos humanos. Portanto, passíveis de erros. Perdoar é fundamental.Desigualdades de raça, gênero, cor, times e gostos sempre existirão. Respeitar a opinião do outro é básico. Que tal exercitar a tolerância?Discuta suas ideias, mas, com a clareza de que, muitas vezes, as pessoas não se permitem mudar de opinião, ou mesmo não querem que isso aconteça. Acontece.Eu considero que estar aberto às diversidades amplia nossos horizontes. Já tive ideias erradas sobre assuntos desconhecidos. Só perdi minha desconfiança, na medida em que compreendi determinado fenômeno de maneira expandida. Concordo. Realmente, algumas coisas são difíceis de admitir. 

Para mim, o preconceito, a violência, a grosseria, a falta de educação, entre outros, são intoleráveis. No entanto, quando discordo, procuro ser a mais atenciosa possível. Talvez ignorar seja uma saída, quando percebo que não vale a pena o enfrentamento. Como diria Boff: ¿para entender um pouco mais a intolerância, precisamos ir mais a fundo¿. A realidade é contraditória e complexa. A condição real de implenitude no universo nos obriga a conviver com as imperfeições e as diferenças e a sermos tolerantes com os que não pensam e agem como nós. São polos opostos, mas polos de uma mesma e única realidade dinâmica. Estas polaridades não podem ser suprimidas. 

Todo esforço de supressão termina no terror dos que presumem ter a verdade e a impõe aos demais. O excesso de verdade acaba sendo o pior erro.Pactuo com Cortella, quando fala que aquele que pensa diferente de mim me ajuda. Me faz buscar ser melhor. Me faz pensar e refletir mais. Claro que é aquele que discorda educadamente que me faz meditar. 

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